Marta cresceu em Dois Riachos, cidade pobre com 11 mil habitantes do sertão de Alagoas que fica a 187km da capital Maceió. Os primeiros chutes aconteceram aos sete anos no leito seco de um dos rios da cidade. Debaixo de uma ponte, com traves de bambu e bola colada com borracha quente, a atacante desenvolveu o talento. O futebol era uma das poucas formas de diversão.
Aos nove anos, o negócio começou a ficar mais sério. Marta começou a jogar em um time de futsal da cidade. Culpa de um professor de educação física. Pouco depois, ela já estava vestindo a camisa do CSA de Dois Riachos. Filha de Dona Teresa, que por muitos anos foi zeladora da cidade, Marta ajudava como podia em casa. Vendia feijão em uma feira, picolé pela rua. E usava parte do lucro para comprar equipamentos esportivos.
Marta cursou até a 5ª série. Matava a aula para jogar bola. E acabou abandonando os estudos. A chance de começar a carreira veio em julho de 2000, quando resolveu sair de casa e viajou durante dois dias de ônibus até o Rio de Janeiro. O dinheiro da passagem veio com a ajuda do primo Roberto e de alguns amigos de Dois Riachos. Marta foi ficar na casa de um primo chamado Marcos para tentar um teste no Vasco. A primeira experiência foi frustrada. Ela foi até São Januário, mas o treino da equipe era na Ilha do Governador.
- Mas em nenhum momento pensei desistir. Tô aqui e não volto! - disse Marta.
Na segunda tentativa, Marta finalmente conseguiu fazer o teste e agradou tanto a técnica Helena Pacheco que foi morar nos alojamentos do Vasco em poucos dias.
- No início do teste estava nervosa e tímida. As outras garotas ficaram olhando para mim e querendo saber quem era aquela menina que falavam tanto e que veio de tão longe. Mas aos poucos fui me soltando e acabei aprovada. Fiquei morando em São Januário alguns meses - lembra Marta.
É, a pequena garota timida, que tinha vindo de longe é hoje a melhor do mundo por cinco vezes consecutivas.
Uma história de superação pra todas aquelas que se baseiam nela.
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